sábado, 3 de outubro de 2009

Meu Brasil brasileiro!

Rio 2016. Tudo muito bonito, comemoração indo a mil. Gente emocionada, chorando. Tipo o nosso digníssimo presidente (o qual eu defendia e tentava sempre ver o lado positivo de seu governo. Mas ficou impossível de continuar fazendo isso depois que ele se dignou a defender Sarney. Não dá, me desculpem). Eu noto um pensamento meio Juscelino Kubitschek (assumo que tive que confirmar a grafia correta no Google): “Vamos evoluir 50 anos em 5” (mesmo que faltem 7, mas vocês pegaram) da parte de algumas pessoas: “oras, nosso país vai crescer muito!”.

Se você se coloca contra o circ, digo, às Olimpíadas serem sediadas na Cidade Maravilhosa você automaticamente está “torcendo contra o seu país”, é um “puxa saco dos EUA” e outros apelidinhos carinhosos dados pelos pró-Rio. Mas estes não se dão conta de que as tais melhorias são bastante... questionáveis.

O Rio de Janeiro – e o nosso país todo, pra ser honesta – sofre de problemas graves: existem favelas (com pessoas vivendo em condições precárias e desumanas, que muitas vezes não têm o que comer); as escolas públicas são uma piada; não há segurança alguma; existe tráfico de drogas (o que ainda colabora com o item anterior, já que este aumenta a violência). Isso só pra começar.

É óbvio que com as Olimpíadas de 2016 teremos mais turistas e verba para o país. E as tais “melhorias”. Por que as aspas? Oras, não precisa ser muito inteligente pra perceber que elas não incluem o que o nosso país mais precisa: investimento em educação e saúde e melhores condições para as pessoas necessitadas. E isso não vai acontecer. Ingênuos os que pensam assim.

O que vai acontecer é mais que óbvio: enquanto alguns passam fome, enquanto nossas escolas são uma piada pro resto do mundo, enquanto você não pode andar na rua sem medo de ser assassinado, dinheiro público será investido em complexos esportivos de última geração e no conforto dos turistas que vem pra cá.

Enquanto isso, nossa educação continua sendo motivo de riso. A prova do ENEM, que é uma piada, será utilizada por várias instituições para determinar quem ingressará nas universidades federais. Uma prova que, além de não ter a menor segurança, já que foi roubada sem dificuldade, tem erros gravíssimos e questões risíveis.

Mas claro, vamos esquecer tudo isso e comemorar o circo – já que o pão está em falta – trazido pelas Olimpíadas. E pra disfarçar, ainda levantaremos a falsa bandeira do “progresso para o nosso país”. Enquanto isso, temos desculpa para continuar ignorando todos os problemas e vivendo numa nação que é lá fora conhecida pelas bundas, pelo carnaval e pelo turismo sexual. Além do futebol, é claro. E alguns ainda se orgulham disso!

E o Rio de Janeiro continua lindo.

4 comentários:

Anônimo disse...

Seu texto tá incrível e concordo com vc.
Ainda comentei aqui em casa que Imagem não é nada se a realidade é outra. E fora que vão gastar milhões com isso. Pq não foi gasto com a população? Realmente questionável, mas é claro q não sou contra ser no Rio, só acho que deveriam pensar mais na realidade do país.

Ah, já ia me esquecendo, irei fazer do meu blog particular e gostaria de convidá-la a ler meu blog, pra isso preciso só que me envie seu gmail para lhe enviar o convite. pode ser no meu email: khc_blog@yahoo.com.br ou twitter @khc_blog
bjoksss e espero vc la

Leo disse...

É aquela máxima que vivemos neste país, a política do Panis Et Cirsenses, que no Brasil fica só com o circo, já que o povo mesmo em ter o que comer, aplaude toda boçalidade que esse país gera e acha que um evento tipo Olímpiadas vai tornar o país algo melhor. Vai ser o mesmo inferno (ou até pior) que foi o Pan.

O Brasil precisaria passar primeiro por uma reforma de penseamento, para depois começar a pensar em querer fazer coisa de gente grande.

Ana Paula disse...

Patie, concordo em gênero, número e grau!
Quando falamos esse lado que vc mencionou muito bem, as pessoas nos taxam de negativas, que não queremos que o país cresça!
Nunca vi país crescer sem educação no mínimo. Ah esqueci! O povo brasileiro gosta de milagres e não de fatos concretos.

Oras! Agora Vila Olimpica, aumento de numero de leitos de hotel e mais estadios pra Copa do Mundo é desenvolvimento? Só se for no mundo paralelo.
Claro que isso cria empregos imediatos, mas e depois? hein? Tudo como d'antes no Reino de Abrantes!
Falam tanto em leitos de hoteis e esquecem de leitos de hospital. Se acontece algum acidente com um grupo de turistas, algum maluco resolve explodir algo no Rio ou em outra cidade onde terá copa do mundo, eles vão parar no maravilhoso SUS. Que beleza!
Sem contar que a segurança será garantida por quem? Pelos traficantes? ahahaha!

Olha, a imprensa no exterior tem sido implacável com o Rio de Janeiro por causa da guerra do tráfico. Aí a imprensa brasileira se justifica, dizendo que é em um ponto isolado e não na cidade inteira.
E quando os traficantes resolverem fechar Copacabana inteira novamente como já fizeram, quero ver qual é a desculpa...
Fato isolado nada! Eles falam isso como se o Morro dos Macacos ficasse em outro país, e que a violência que atinge o pais inteiro e de forma incontrolável, será inibida somente porque tem Olimpíadas e Copa do Mundo.

As ultimas noticias sobre o Rio aqui na Inglaterra caem como uma bomba, e sempre questionam a capacidade das autoridades brasileiras em resolverem o problema que é um cancer em metástase.

Mas os brasileiros sempre vivem com a esperença de que "tudo um dia vai melhorar se Deus quiser".
Se Deus fosse brasileiro não teríamos esse país corrupto, povoado por gente imbecil que acredita em discursinho populista e otimista enquanto a casa cai na cabeça de todo mundo.

Fico indignada com a esperança/burrice do povo brasileiro. Não sabem votar e depois querem que Deus resolva tudo.
A caixa de e-mail de Deus anda lotada. ehehe!

Anônimo disse...

Concordo com seu post.
Mas, de tudo, o que mais me deprime nao eh o brasil ter entrado na copa e nas olimpiadas e abandonar os investimentos em educaçao, saude,moradia etc... e sim, o proprio povo apaludir de pe e chorar por tal 'vitoria'.

brasil, um pais de burros.

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